Tuesday 7 August 2007

«Não demorei assim tanto» a indigitar o novo Primeiro-ministro



O Presidente da República de Timor-Leste afirmou que não demorou "assim tanto" a indigitar o novo primeiro-ministro e, em entrevista à agência Lusa, insistiu que o processo de consultas ao longo de um mês "poupou tempo".


"Não demorei tanto assim" a anunciar o convite para formação de governo, declarou José Ramos-Horta, entrevistado pela Lusa um dia depois da indigitação de Xanana Gusmão e na véspera da posse do IV Governo Constitucional.

"O tempo que se demorou serviu para efectuar consultas e, afinal, esse processo poupou tempo", adiantou o chefe de Estado.

"Se não tivesse efectuado as consultas, seria acusado de tomar uma decisão apressada", adiantou José Ramos-Horta.

"Não havia tanta pressa porque apesar da crise as nossas instituições funcionaram", defendeu o Presidente.

"Compare a situação com a Guiné-Bissau e outros países aqui na região do Pacífico. Ao contrário, em Timor-Leste nunca houve funcionários com salários em atraso", disse.

"Os partidos pediram tempo", acrescentou o chefe de Estado, que reconheceu que, após quatro semanas de consultas, as lideranças políticas envolvidas "não mexeram um milímetro".

José Ramos-Horta salientou que não poderia ter indigitado o primeiro-ministro antes da primeira reunião do novo Parlamento, que ele pretendia que ocorresse "logo a seguir à validação dos resultados" das legislativas de 30 de Junho.

"Foi um assessor português do Parlamento que me explicou que isso seria impossível e chegaram a falar-me em meados de Agosto como data possível para a primeira reunião do parlamento", explicou José Ramos-Horta.

O Parlamento realizou a primeira sessão a 30 de Julho.

O Presidente da República declarou que o falhanço das negociações para um governo de grande inclusão "fica a crédito da Aliança" para Maioria Parlamentar (AMP), dos quatro maiores partidos da oposição.

"A Fretilin foi mais pragmática", disse Ramos-Horta.

"A Fretilin tem-se portado correctamente comigo", acrescentou o Presidente, que referiu a boa relação que mantém com o secretário-geral do partido maioritário, Mari Alkatiri.

"Ele foi a minha casa, estamos diariamente em contacto telefónico e ele está sempre disponível para me ouvir", explicou José Ramos-Horta.

Também o actual primeiro-ministro, Estanislau da Silva, mereceu elogios do Presidente da República, que referiu "o seu grande sentido de Estado e a grande dignidade" no exercício de funções.

"Em geral", as relações com Estanislau da Silva são mais fáceis do que com a Fretilin, admitiu José Ramos-Horta, "mas não só com ele, também com Ana Pessoa", ministra da Administração Estatal e figura influente do partido maioritário.

"A liderança da Fretilin tem-se portado comigo correctamente. Não tenho recebido senão provas de respeito pelo chefe de Estado", frisou Ramos-Horta.

Sobre as acusações da Fretilin de "golpe de estado constitucional", feitas segunda-feira por Mari Alkatiri, José Ramos-Horta remeteu para o Tribunal de Recurso e para a apreciação da legalidade da indigitação de Xanana Gusmão.

Quanto às "declarações menos delicadas" proferidas por membros da AMP nas últimas semanas, José Ramos-Horta salientou que "se não tivesse sido eleito, agora teriam Francisco Guterres 'Lu Olo' na Presidência".

"Transporto uma cruz de pau pesada desde a eleição", afirmou José Ramos-Horta, repetindo uma expressão que usou na sua campanha eleitoral.

1 comment:

Jose Martins said...

Sim o Dr. Ramos Horta, o Presidente da República de Timor-Leste, demorou mais que muito para indigitar o ex-PR Xana Gusmão para Primeiro-Misnistro de Timor-Leste.

Aliás já há muito tempo, boa gente, aventava que a pessoa escolhida, pelo Dr. Ramos Horta, seria o ex-heroi Xanana Gusmão.

Nós tivemos muita consideração e ajudamos (há mais de uma dezena de anos) em Banguecoque, o Dr. Ramos Horta e Dr. Mari Alkatiri de quando os dois lutavam pela autodeterminação do Povo de Timor-Leste.

Admirámos o lutador e defensor dos Direitos Humanos.

Achámos um homem com os pés bem assentes na terra.

Mas a mesma opinião tinhamos em 1994, jã a não temos hoje...

O Xanana Gusmão, acredito que tenha sido um guerreito na mata, mas um péssimo Primeiro-Ministro de Timor-Leste.

O homem não está preparado para assumir o cargo que (minha opinião lhe foi oferecido de mão-beijada)de Primeiro-Ministro de Timor- Leste.

Foi um heroi (minha opinião: não sei se foi ou não),de guerrilha contra os militares indonésios.

Porém um chefe de guerrilha, sabe manejar, perfeitamente, o gatilho de uma arma, mas nunca, um Moisés, biblico, sábio para dirigir um povo.

Nos meus arquivos tenho cópia de uma carta de Xanana Gusmão (quando detido na cadeia de Chipinang) escrita num mau português, que traduzi para o inglês, para depois a Senhora Chalida (ARF) a passar da prosa de língua inglesa para a tailandesa e vir, depois, a ser publicada num jornal/revista.

Bem o Xanana Gusmão foi levantado, como um heroi num pedestal, (os herois também se inventam...), há uns anos; levado em triunfo; criou muitos amigos, ilustres e foi "chacoteado" várias vezes no "Contra Informação" da RTPi.

A nomeação de Xanana Gusmão veio a criar instabilidade em Timor-Leste, que antes já se previa se o heroi se viesse a sentar na cadeira da mesa de um PM.

Quem semeia ventos colhe tempestades!

E o Dr. Ramos Horta, semeou-os criou tormentas...

Mas depois de tudo as vítimas são o "pobre" Povo de Timor-Leste!

Não existe Povo ruim ou rebelde.

Ruins são aqueles, por ele eleito, e em quem confiaram, que os não sabe governar.

O Povo de Timor-Leste necessita de encontrar, líderes que sejam honestos e que o leve ao sítio que merece.
De Banguecoque
José Martins