A Fretilin decidiu bloquear o funcionamento do parlamento timorense, a que chamou "lock-out", como "arma" para obrigar à formação de um governo escolhido por consenso com a oposição, anunciou hoje em Díli o secretário-geral do partido.
Em conferência de imprensa na sua residência, Mari Alkatiri explicou que a decisão de bloquear as sessões do plenário foi tomada quarta-feira à tarde, após o Presidente da República, José Ramos-Horta, ter anunciado à direcção da Fretilin a intenção de convidar a Aliança para Maioria Parlamentar (AMP) a formar o novo governo.
"Até ontem [quarta-feira], ainda estávamos convencidos que o Presidente ia convidar a Fretilin a formar governo e a sujeitar-se depois a todos os procedimentos e processos de aprovação do programa e orçamento pelo parlamento", explicou Mari Alkatiri.
"Isso não aconteceu" e José Ramos-Horta comunicou a Mari Alkatiri e a Francisco Guterres "Lu Olo", presidente da Fretilin, que o convite à AMP "tinha justificação clara no resultado das votações para presidente e vice-presidentes do parlamento", ganhas pela oposição.
Alkatiri explicou que a última proposta do seu partido é um governo chefiado por um independente, com dois vice-primeiro-ministros, um escolhido pela Fretilin e outro pelos partidos da oposição.
O ex-primeiro-ministro afirmou que "nada vai funcionar no país" se não houver acordo sobre esta questão, porque o "lock-out" do Parlamento Nacional terá como consequência a falta de um Orçamento de Estado e a paralisação a curto prazo das instituições públicas, incluindo a Polícia e as Forças Armadas.
Mari Alkatiri alertou para esta situação de "crise" pela qual responsabilizou a oposição.
"Um governo da Fretilin não teria o programa aprovado no parlamento. Agora, um governo da AMP não tem parlamento para aprovar programa", resumiu Mari Alkatiri sobre a posição de força do partido maioritário.
A Fretilin e a Aliança para Maioria Parlamentar, com os quatro maiores partidos da oposição, disputam o direito de ser chamados a formar governo na sequência das eleições de 30 de Junho.
"Se o problema é usar de uma arma para influenciar o parlamento, também temos uma arma a usar na Fretilin, que é deixar de comparecer às sessões plenárias", explicou Mari Alkatiri.
"Todos sabem que a Comissão Permanente [do Parlamento Nacional] ainda não está constituída e as comissões especializadas também não", recordou.
"O Regimento Interno torna claro que as comissões devem ter representação proporcional das bancadas. Sem a nossa presença, as comissões não funcionam", sublinhou o líder da Fretilin.
Alkatiri rafirmou que o entendimento da Fretilin sobre o direito de formar governo é de que "o voto de que a Constituição fala é o voto popular nas eleições directas e não o voto dos deputados".
O secretário-geral da Fretilin afirmou ainda que a AMP "não tem existência legal" e que "as duas únicas coligações que se apresentaram a sufrágio popular foram a Aliança Democrática KOTA/PPT e a ASDT/PSD".
"São apenas essas coligações que foram reconhecidas pelo Tribunal de Recurso e pela Comissão Nacional de Eleições".
"Agarra-se na ambiguidade da [expressão] 'aliança com maioria parlamentar' [no artigo 106º da Constituição] para manipular o voto popular e evitar que o partido mais votado seja convidado", afirmou Mari Alkatiri.
"Na prática, convidou-se o segundo partido mais votado para formar o governo. Isto é inconstitucional", concluiu o ex-primeiro-ministro.
Thursday, 2 August 2007
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1 comment:
E' verdade!
"Numa questao diferente, nao sei por que razao a expressao "lock out" ficou impregnado na cabecinha dos deputados da Fretilin.
Obviamente que nao conseguem distinguir entre "lock out" e "walk out".
Em Ingles, o termo "lock out" eh empregue para descrever uma accao de bloqueamento do acesso a uma instalacao, seja ela parlamento ou uma fabrica por exemplo. Geralmente em disputas laborais, os empregados bloqueiam o acesso ao local de trabalho para parar as actividades da companhia e desse modo forcar o dialogo.
Por outro lado o "walk out' eh a accao de boicote por uma ou varias das partes de modo a nao participar no processo . Ou seja o abandono das actividades com o mesmo fim de forcar uma solucao aceitavel para os autores do "walk out". Em outras palavras a GREVE.
Ou sera que a Fretilin quer mesmo impedir a entrada da maioria dos deputados de outros partidos no Parlamento???
Viva AMP | 03-08-2007 - 12:17:40 GMT 9 #"
(de um comentarista do blog TLN)
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