Wednesday, 8 August 2007

«Não misturem a família», diz ministra da Justiça sobre Rogério Lobato



Lúcia Lobato defendeu hoje como "o cumprimento do papel de ministra da Justiça" a decisão de suspender a saída do país de Rogério Lobato, seu tio, e pediu que não se misturassem relações familiares com funções políticas.


"Não misture as coisas por favor. Temos relações familiares mas estou a cumprir o meu papel como ministra da Justiça que tem a ver com o processo", respondeu Lúcia Lobato à agência Lusa, cerca das 23:00 (15:00 em Lisboa), quando questionada sobre a reacção da família Lobato à suspensão da autorização de saída do país para tratamento médico do ex-ministro do Interior timorense.

"Estão em causa garantias do arguido e garantias do Estado", afirmou a nova ministra da Justiça, que hoje tomou posse juntamente com a maioria do novo executivo de Timor-Leste, chefiado por Xanana Gusmão.

"Estamos a lidar com a segurança de Rogério Lobato e com a sua própria saúde e também com a segurança do Estado", sublinhou Lúcia Lobato em declarações aos jornalistas no aeroporto de Díli.

Rogério Lobato, que desde Março de 2006 é assistido regularmente na Malásia devido a um problema cardíaco grave, deve sujeitar-se a uma intervenção cirúrgica urgente num hospital de Kuala Lumpur.

O ex-ministro do Interior foi autorizado dia 03 de Agosto pelo juiz do processo, Ivo Rosa, a receber tratamento médico no estrangeiro, confirmou a Lusa junto de fonte judicial e do advogado de Rogério Lobato, Paulo dos Remédios.

A ministra da Justiça, que impediu a descolagem do avião fretado para Rogério Lobato, poucas horas depois da posse do IV Governo Constitucional, afirmou que "não está em causa a decisão do juiz" mas sim "a confirmação dos procedimentos administrativos posteriores".

O Procurador-Geral da República, Longuinhos Monteiro, que esteve no aeroporto com Lúcia Lobato, explicou à Lusa que "as autoridades da Malásia e de Singapura não estavam ao corrente da saída de Rogério Lobato".

Longuinhos Monteiro acrescentou que "não se trata de interferência no processo judicial mas de garantias entre Estados, de Governo a Governo", para que Rogério Lobato tenha a segurança devida e haja garantias de que regressa a Timor-Leste depois do tratamento autorizado pelo juiz.

"É uma bomba para mim, no primeiro dia como ministra", comentou Lúcia Lobato.

"É um longo processo de que eu preciso de me inteirar mas ainda não tive tempo porque apenas hoje iniciei as minhas funções", esclareceu.

Lúcia Lobato salientou que, durante a tarde e noite, juntou os esforços do Governo, da Procuradoria-Geral da República, dos Serviços de Imigração para resolver a situação e inteirar-se do processo.

"Apenas estou a fazer o meu trabalho", concluiu a ministra da Justiça.

Entretanto, o Presidente da República, José Ramos-Horta, garantiu a Estanislau da Silva, ao final do dia, que Rogério Lobato partiria quinta-feira de manhã, disse à Lusa aquele dirigente da Fretilin, partido do qual o ex-ministro do Interior foi vice-presidente até ser condenado a sete anos e meio de prisão por armar milícias "com o objectivo de eliminar adversários políticos", segundo a acusação.

11 comments:

Anonymous said...

Quem mistura tudo é ela - e principalmente mistura as ordens dos chefes com uma questão que é apenas da competência da justiça e onde não tinha nada que ter interferido.

Não percebeu ainda esta gente que as ordens dos juízes são para serem respeitadas? Se não perceberam que percebam de vez e deixem-se desta saloiada de meterem o bedelho onde não lhes diz respeito apenas para mostrar serviço aos patrões.

Anonymous said...

É perfeitamente vergonhoso e desumano que apenas para mostrar serviço aos seus chefes, que a nova ministra da justiça tenha levado a que um doente a precisar de uma intervenção cardíaca urgente passasse 24 horas dentro de um avião.

Isto é uma grave violação dos direitos humanos em qualquer país do mundo e um gravíssimo desrespeito pela decisão de outro órgão da soberania. Muito mal começou a ministra e se tivesse um pingo de dignidade já teria posto o cargo à disposição após ter sido desautorizada e obrigada a meter a viola no saco.

Assim não, senhora ministra.

Anonymous said...

Os interesses do Estado são os interesses de todos os Timorenses a quem o Estado pertence,
e não o contrario, o interesse do Estado a que todos os Timorenses pertencem.

Percebe ou quer um desenho?

Por outro lado se ela e Ministra da Justiça será bom que se preocupe apenas com assuntos de JUSTICA. Ta bem?

Quanto a mostrar serviço aos patrões isso e para si MARGA.

Jose Maria Barbosa du

Anonymous said...

A ministra da Justiça mostrou que é uma mulher de armas. Força Lúcia Lobato!

Almério

Anonymous said...

É perfeitamente vergonhoso e desumano - e apenas para mostrar serviço aos seus chefes -, que a nova ministra da justiça tenha obrigado um doente a necessitar duma intervenção cardíaca urgente a permanecer 24 horas dentro de um avião no aeroporto de Díli.

Isto em qualquer país do mundo é uma grave violação dos direitos humanos e foi ainda um gravíssimo desrespeito pela decisão de outro órgão da soberania.

Muito mal começou a ministra e se tivesse um pingo de dignidade já teria posto o cargo à disposição após ter sido desautorizada e obrigada a meter a viola no saco.

Foi ela quem tudo misturou e mais grave misturou o desejo de cumprir as ordens dos seus chefes com uma questão que é apenas da competência da justiça e onde não tinha nada que ter interferido.

Certa gente não percebeu ainda que as ordens dos juízes são para serem respeitadas? Se não perceberam que percebam de vez e deixem-se deste abuso inadmissívl de meterem o bedelho onde não lhes diz respeito.

Assim não, senhora ministra. A sua incompetência e seguidismo levou à primeira desautorização do novo governo. No primeiro embate a justiça ganhou e o governo perdeu.

Anonymous said...

Acho que como Ministra da Justica ela procedeu bem, pois nao se tratava de ir contra a deicsao de juiz como ela propria afirmou, mas para se inteirar do assunto. De resto se nem a malasia nem Singapura sabiam da partida do RL algo de errado aconteceu. E sendo assim nao me digam que a Ministra da Justica nao possa suspender a saida para se inteirar melhor.
De resto como RL nao havera outroa doentes em piores condicoes? Fala-se em direitos humanso para uns enquanto outros podem morrer na prisao, pois sao da raia miuda e ninguem lhes da importancia.

Forca Lucia Lobato!...

Anonymous said...

FIQUEI A PENSAR !



Depois de ler atentamente todo o artigo referente ao Rogério Lobato, fiquei por momentos absorvido em pensamentos.

Como e possível que um vice-presidente de um Partido como a Fretilin, conhecida em todo o Mundo, líder de uma revolução que depois de longos anos levou Timor a independência, governo democraticamente formado durante cinco anos, possa estar numa situação destas.
Velho, doente, e preso por longos sete anos e meio, Rogério Lobato ele e um verdadeiro espelho daquilo que representa.

Conheci o Rogério no tempo em que ele era aspirante a alferes miliciano no quartel-general de Taibessi, e onde foi, apesar da proibição dos militares aderirem a partidos políticos Timorenses, o principal factor da reacção da Fretilin, ao Movimento Anticomunista desencadeado pela UDT.

Encontrei neste momento de raciocínio um factor comum a este elemento preponderante da Fretilin. Em 1975 ele distribuiu as milícias da Fretilin armas do exercito Português que estavam a guarda do quartel-general, em 2006, trinta e um anos depois, ele distribuiu armas a milícias da Fretilin, apesar do seu partido, ter de ser, por ser o partido governante, o guardião dessas armas.

Todos sabemos sem sombras de duvida que Rogério Lobato e efectivamente sangue e carne da Fretilin. De todos os defeitos que ele possa ter, de um, estamos em crer que NUNCA será acusado, o de ser TRAIDOR ao seu partido.

Uma constante dos partidos políticos da esquerda e sem duvida a disciplina interna desses partidos. Apenas as cabeças do topo são as pensantes e as outras limitam-se a seguir disciplinadamente esses pensamentos e os slogans que deles provem. Em Timor isso continua sendo regra.

E de pensamento em pensamento eu vou descobrindo pequenos hífens que me vão ligado as duvidas. Como pode um partido onde a disciplina e ordem, são base de toda a sua vida, aceitar impassivelmente que um seu vice-presidente use e abuse de armamento que pertence a Nação para armar terroristas?

Das duas três ou a disciplina não e o que parece, no que eu não acredito, ou as cúpulas do partido são coniventes na acção do Rogério.

Ai funciona de novo a tal disciplina, e a LEALDADE mais que provada do Rogério.

Ninguém no partido sabia nada de nada, e ele vai ser julgado como fomentador de terrorismo, não, desculpem, como tendo dado armas a civis. O partido e ilibado, o Primeiro Ministro inicialmente acusado por outros não disciplinados elementos do partido, e ilibado também, e o LEAL Rogério, vai para a cadeia por sete anos e meio.

E como os pensamentos são como as cerejas, vem uns atrás dos outros, eu começo a cogitar de novo quais terão sidas as promessas feitas ao desgraçado do Rogério, para que este aceitasse sem pestanejar os sete anos de prisão.
Primeiro a amnistia feita a seu peso e medida pela Fretilin que mandava no Parlamento Nacional, e agora como urgia po-lo longe do novo governo da AMP, surgiu a doença.

Bem isto são só pensamentos que podem estar errados, mas para que toda a família com ele? será que volta?

Aceitam-se apostas!

Eu que conheço a família Lobato de Bazar-Tete, e tenho por eles a maior consideração, sei bem que para Timor são pessoas abonadas em bens e café, mas será que toda a família se juntou para pagarem o aluguer de um avião especial do Kuwait ate Timor? Ou caso negativo de onde veio tanto dinheiro, quando tantos Timorenses passam mal e morrem talvez de fome!

A Independência de Timor em cinco anos fez muita gente rica. Acho que não vou pensar mais no assunto pois que posso ficar maluco.


Mau Lear

Anonymous said...

Justiça 1, governo 0. No primeiro embate o governo foi logo derrotado.

Anonymous said...

Não havia razões de Estado, não havia razões de segurança, tiveram que acatar a ordem do juiz e deixar o avião descolar e foi a primeira derrota do governo. Foram à lã e saíram tosquiados. Tão simples como isso. De facto a cegueira, o ódio e o fundamentalismo fá-los dar estes tiros nos pés.

Justiça 1; governo 0!

Anonymous said...

Creio que o Camarada Rogerio ate foi tratado muito bem desde que entrou na cadeia. Nao me esqueci que como prisioneiro da Fretilin no quartel General em taibessi quando o Rogerio era o comandante militar davam me um prato razo para receber a sopa no almoco. Na volta tinha que correr entre duas filas de militares e militantes da Fretilin que me espancavam nas costas com as coronhas das armas e cinturao. Tinha que correr para escapar aos maos tratos e ao chegar ao fim nem sopa tinha para almoco. Durante o dia podia ser tirado da cela para receber o tratamento que eram 50 chicotadas nas costas. E isso nao era nada em Aileu podiam me tirar para ir tomar banho a ribeira. foi assim que muitos dos meus colegas foram tratados e assasinados.

Malequias

Anonymous said...

"Assim não, senhora ministra. A sua incompetência e seguidismo levou à primeira desautorização do novo governo. No primeiro embate a justiça ganhou e o governo perdeu."
MARGA.

Para que nao fiques com problemas de consciencia do mal que fizeram ao teu heroi nacional ai vai:


A descolagem do avião fretado foi possível por um despacho da ministra da Justiça, Lúcia Lobato, que foi comunicado ao aeroporto cerca das 15:30 (07:30 em Lisboa), segundo o advogado.


Parece que erraste quando mandaste postas de pescada. O AVIAO SO SAIU POR DESPACHO DA MINISTRA E AS 15:30.......................................


Quarta-feira, Lúcia Lobato justificou à Lusa a sua intervenção com "garantias do arguido e garantias do Estado" de que o ex-ministro do Interior regressa a Timor-Leste após o tratamento médico.
A ministra da Justiça, que impediu a descolagem do avião fretado para Rogério Lobato poucas horas depois da posse do IV Governo Constitucional, afirmou que "não está em causa a decisão do juiz", mas sim "a confirmação dos procedimentos administrativos posteriores".
O Procurador-Geral da República, Longuinhos Monteiro, que esteve no aeroporto com Lúcia Lobato, explicou quarta-feira à Lusa que "as autoridades da Malásia e de Singapura não estavam ao corrente da saída de Rogério Lobato".
Longuinhos Monteiro acrescentou que "não se trata de interferência no processo judicial mas de garantias entre Estados, de Governo a Governo", para que Rogério Lobato tenha a segurança devida e haja garantias de que regressa a Timor-Leste depois do tratamento autorizado pelo juiz.
PRM-Lusa/Fim

"PARA QUE TENHA A SEGURANCA DEVIDA" DEVE-SE LER PARA EVITAR QUE SEJA ASSASSINADO A MANDO.

Sakunar Sacana