Sunday 5 August 2007

Aliança da oposição espera convite a Xanana na segunda-feira


Díli, 05 Ago (Lusa) - A Aliança para Maioria Parlamentar (AMP) espera que o Presidente da República formalize segunda-feira o convite a Xanana Gusmão para formar o novo governo de Timor-Leste, afirmou à agência Lusa um dos dirigentes da oposição.

"Pelo que sabemos, a decisão do Presidente da República está tomada no sentido de convidar Xanana Gusmão a constituir governo", afirmou um dos líderes da AMP, aliança dos quatro maiores partidos da oposição à Fretilin.

"Foi pedido anteontem [sexta-feira] ao presidente do CNRT (Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste) que apresentasse a José Ramos-Horta o elenco do próximo governo", adiantou o mesmo dirigente.

Se o chefe de Estado cumprir o calendário por ele próprio estabelecido, segunda-feira será o dia do anúncio oficial da indigitação do chefe do IV Governo Constitucional, cinco semanas após as eleições legislativas de 30 de Junho e um mês de negociações - infrutíferas - para a formação de um Executivo de "grande inclusão".

Três cimeiras de dirigentes partidários e titulares políticos não puseram de acordo a Fretilin, partido mais votado mas sem maioria absoluta, e a AMP, que oferece uma maioria parlamentar e conseguiu eleger o presidente da Assembleia Nacional, segunda figura na hierarquia do Estado.

O convite de José Ramos-Horta a Xanana Gusmão, a escolha da AMP para primeiro-ministro, foi feito quarta-feira mas deparou com a resistência da Fretilin, que fez recuar o chefe de Estado e pediu mais tempo, segundo contou à imprensa o secretário-geral do partido maioritário, Mari Alkatiri.

A Fretilin, ao mesmo tempo que propôs um governo liderado por um independente, retirou-se do plenário da Assembleia, bloqueando na prática o funcionamento do parlamento e impedindo, desse modo, a aprovação do programa de um qualquer governo que não passe por um convite ao partido mais votado.

Durante o impasse pós-eleitoral, o país tem sido gerido por Estanislau da Silva, chefe de um governo "que não parou de funcionar", como recordou a semana passada José Ramos-Horta ao insistir que não havia "pressa" nem "urgência" na formação do novo governo.

O III Governo Constitucional entrou em funções a 19 de Maio, véspera da tomada de posse de José Ramos-Horta como Presidente da República.

A concretizar-se o anúncio do convite a Xanana Gusmão, a tomada de posse dos principais ministros do IV Governo deverá acontecer na próxima terça-feira.

PRM

Lusa/fim

1 comment:

Anonymous said...

Conseguirá alguém viver em paz quando é "ajudado" com injecções periódicas da guerra, tem a vizinhança a instilar quotidianamente veneno e calúnia, quando os que, dentro de casa, se dizem arautos da concórdia e da misericórdia - Xanana e Horta! - não aceitam ver beliscado - ao de leve que seja - o seu estatuto de privilegiados exclusivos, únicos portadores da verdade única?

Para quê escolhas democráticas quando roubam desavergonhadamente a vitória da Fretilin cujo único “crime” foi não servir os interesses dos poderosos, e particularmente dos gananciosos vizinhos estrangeiros?

As eleições apenas servem para homologar a presença nos órgãos de decisão de quem decide de acordo com os "donos do mundo", mesmo tendo-as perdido como perdeu clamorosamente o Xanana?

Muito mais que lamentável, tudo isto é um nojo, uma indignação, uma exigência de luta. Bem faz a Fretilin que não se acomoda e vai à luta!

Bem fazem todos os seguidores da Fretilin que não calam a sua revolta perante tão descarada usurpação dos seus votos que foram maioritários.

Nunca em Portugal – pese embora todas os recuos da nossa democracia – roubaram de forma tão acintosa o direito do mais votado formar governo.

Formaram-no com minorias Mário Soares, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso entre outros e o de Cavaco teve a mesma percentagem da Fretilin e teve também os partidos perdedores a exigirem do PR serem eles a formar governo e Mário Soares não cedeu!

É simplesmente vergonhoso que a comunidade internacional em geral e Portugal e a ONU em particular se calem, sancionando esta insensata e anti-democrática pouca-vergonha.

Isto é um autêntico roubo à mão armada à democracia depois de terem andado mais de um ano - com difamações, calúnias, violência, incêndios e pilhagens - a tentar roubar a honra do único partido Timorense que lutou durante 24 longos e duros anos pela libertação da sua pátria.

Como é que querem que sem democracia haja paz? Sem democracia nunca há paz!