Wednesday 30 May 2007

Um morto e dois feridos em explosão de granada em Díli

A explosão de uma granada hoje em Fatuhada, Díli, provocou um morto e o engenho era "do tempo da ocupação indonésia e do mesmo lote da que explodiu a 13 de Dezembro" noutro bairro da capital, afirmou uma fonte oficial das Nações Unidas e outra policial.


A granada defensiva foi identificada por peritos em explosivos das Nações Unidas, que encontraram a cavilha de segurança junto à casa - vazia e destruída - onde um jovem professor, identificado pelos vizinhos como Gastão, foi ferido com gravidade pelos estilhaços, e acabou por morrer já no hospital, segundo fonte policial. Outras duas pessoas ficaram também feridas.

Segundo a população, ninguém viu o indivíduo que atirou o explosivo, mas a Polícia das Nações Unidas "dispõe de informações sobre a pessoa que possuía a granada" e foi montada uma operação de busca de vários suspeitos, adiantou uma fonte militar internacional.

O incidente ocorreu numa área de Fatuhada conhecida como Matanruak ("dois olhos" em língua tétum), nas traseiras da embaixada do Japão, situada, como várias outras, na Avenida de Portugal, junto ao mar.

As Forças de Estabilização Internacionais (ISF) foram chamadas às 16:07, segundo um oficial australiano no local, e a explosão terá ocorrido pouco antes.

Quando as ISF e a UNPol chegaram a Matanruak, os três feridos do ataque já tinham sido transportados para o Hospital Central Guido Valadares.

Vários testemunhos ouvidos em Matanruak referiram que a explosão aconteceu na sequência de três dias de ataques e confrontos com o bairro vizinho.

A acusação repetida - mas, sublinhe-se, sem confirmação por investigação independente - é que o bairro tem sido atacado por "radicais" e por "lorosae", termo que designa os timorenses originários dos distritos do leste do país.

A rivalidade entre timorenses "lorosae" e "loromonu" (dos distritos ocidentais) serviu de contexto à grave crise política e militar que sacudiu o país em Abril e Maio de 2006 e que provocou mais de cem mil deslocados.

"Neste bairro há 'lorosae' e 'loromonu' e ninguém estragou nada", afirmou um residente chamado Luís da Conceição.

"Já lá vão três dias e três noites. O povo do bairro não pode descansar. Vieram provocar e, como não queremos problemas, levantámos uma barreira de zinco a separar o bairro daqui do bairro de lá", acrescentou Luís da Conceição, outro morador.

"Ao fim e ao cabo, vieram atacar e desmanchar a barreira. Nós não podemos ficar caladinhos, porque estamos na zona da morte. Temos que nos defender com pedradas. Não temos mais armas como as deles. Defendemos com pedras. Eles apedrejaram para cá, nós apedrejámos para lá", acrescentou Luís da Conceição.

"Às tantas vieram com catanadas e nós fugimos. Já não podemos aguentar. Hoje deitaram a granada e vieram atrás de nós. Não conseguimos ver quem deitou".

O jovem ferido na explosão "é mesmo deste bairro. Foi muito mal para o hospital", declarou uma outra moradora, Armandina da Conceição.

Os residentes de Matanruak dizem ter medo do que se vai seguir. Alguns, com sinais de terem bebido muito, antecipam mais problemas.

"Volte cá esta noite. Talvez isto não esteja muito calmo".

2 comments:

Anonymous said...

A friccao entre "lorosa'e" e "loromonu" nao eh recente, mas noutros tempos as coisas nao eram tao intensas nem tao mas como desde 2002 a esta parte. Tem que se procurar analisar as causas dessa profunda rivalidade e doa a quem doer tomar medidas drasticas para que a situacao nao continue indefinidamente com prezuijo de todos nos, sobretudo, dos que menos tem, menos falam, mas mais sofrem e morrem!...

Anonymous said...

A causa está no discurso do XG de 23 de Março de 2006. Ele é que criou artificialmente essa treta do leste e do oeste. Ele é que tenta dividir para reinar. Não é difícil perceber a quem interessou a divisão pois não? Ao XG/RH! E por interesse dos Australianos que querem continuar a roubar o petróleo. Apenas para roubarem mais à vontade. É por isso que querem pôr as raposas a guardar o galinheiro.