Wednesday 16 May 2007

Confrontos no Bairro Pité, UNPol contraria alegações da FRETILIN


Quatro casas e uma viatura foram destruídas em Bairro Pité, Díli, em incidentes que fazem recear o ressurgimento da violência na capital, enquanto a UNPol contraria alegações de uma "orgia de violência" contra apoiantes da Fretilin.


O ministro e membro da comissão política da Fretilin Arsénio Bano insistiu hoje que os seus apoiantes "estão a ser atacados e intimidados por todo o país" na sequência da vitória de José Ramos-Horta nas eleições presidenciais de 9 de Maio, falando mesmo de uma "orgia de violência" comemorativa.

Arsénio Bano declarou também, em comunicado emitido pelo partido, que as casas destruídas em Bairro Pité são de apoiantes da Fretilin e que "a Polícia das Nações Unidas confirmou que os incidentes foram politicamente motivados".

Fonte oficial da UNPol declarou que "não há qualquer base para essa acusação".

"De facto, de todas as explicações dadas no local pela população, nenhuma tinha motivação política", vincou a mesma fonte.

Arsénio Bano apoia-se no facto de Bairro Pité "não ser uma área da Fretilin" e de nas eleições presidenciais "ter votado em força em José Ramos-Horta".

No entanto, a informação oficial das Nações Unidas disponível não refere qualquer ligação partidária de atacantes ou de vítimas.

Segundo um comunicado divulgado pela missão internacional (UNMIT), dois grupos, "com cerca de cem pessoas", envolveram-se num combate de rua entre as 18:30 e as 19:00 de ontem (10:30 e 11:00 em Lisboa) e, de novo, entre as 10:00 e as 11:00 de hoje (02:00 e 03:00 em Lisboa).

Os dois incidentes obrigaram à intervenção das forças autónomas de polícia da Malásia e de Portugal (com militares da GNR), apoiados por meios das Forças de Estabilização Internacionais.

"Ninguém ficou ferido e 17 pessoas foram detidas", afirmou a UNMIT.

O chefe da missão internacional, Atul Khare, visitou Bairro Pité, acompanhado pelo comissário da Polícia das Nações Unidas, Rodolfo Tor, para se inteirar da situação.

"As pessoas que cometem actos criminosos serão tratadas como criminosos pela polícia", declarou o representante-especial do secretário-geral da ONU em Timor-Leste.

"Não serão toleradas alegações de motivação política no seguimento das eleições da semana passada", acrescentou Atul Khare.

O chefe da UNMIT falou nas últimas 24 horas com o primeiro-ministro José Ramos-Horta, com o secretário- geral da Fretilin, Mari Alkatiri, e com o presidente do Partido Democrático, Fernando "Lassama" de Araújo, terceiro candidato mais votado na primeira volta.

"Disse a todos os líderes políticos neste país que violência com justificação política é inaceitável e tenho o seu acordo", disse Atul Khare.

Alegações anteriores de Mari Alkatiri de uma campanha contra apoiantes da Fertilin nos distritos de Viqueque, Baucau, Ermera e Liquiçá, hoje repetidas por Arsénio Bano, foram desmentidas pelos dados apurados pela UNPol e já antes divulgados pela imprensa.

Uma nota distribuída hoje pelo gabinete do primeiro-ministro salienta a distância entre as alegações da FRETILIN e os factos apurados pela UNPol.

"Pelo contrário, os elementos de que a polícia dispõe desmentem cabalmente as alegações da direcção da Fretilin", sublinha a nota oficial, rebatendo um por um os incidentes da alegada campanha de violência.

Sobre o caso mais repetido nos últimos dias pela Fretilin, ocorrido no dia 13 de Maio, em Ermera, o gabinete do primeiro-ministro cita o relatório público da UNPol: "quatro casas completamente ardidas na aldeia de Loblala, suspeitando-se ter sido causado por apoiantes da Fretilin liderados por (tenente) Salsinha. As vítimas são apoiantes do PD/PSD. A investigação da UNPOL prossegue".

Segundo o mesmo relatório, "apenas num caso, em Oécussi, se verifica ser alvo um elemento da Fretilin".

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