Sunday 22 July 2007

«Reinado não compreendeu que a crise acabou>>


O ex-deputado Leandro Isaac, companheiro de cerco e de fuga de Alfredo Reinado, afirmou em entrevista à agência Lusa que o major fugitivo "não compreendeu que a crise entre 'lorosae' e 'loromonu' acabou".


"A realidade ultrapassou Alfredo", acusou Leandro Isaac, explicando a sua desilusão com o major Reinado, a quem acusa de ser "um menino mimado sem capacidade militar nem de liderança".

"Ele tardou a compreender que a crise entre 'lorosae' e 'loromonu' passou. Hoje não há nenhum [militar] F-FDTL que vá a Same ou Maliana (oeste) para matar mais pessoas", explicou Leandro Isaac.

"A crise acabou com estas eleições", insistiu o ex-deputado independente, referindo-se aos confrontos de há um ano entre timorenses originários dos distritos ocidentais e orientais do país.

"O apoio que Alfredo tinha há seis meses caiu drasticamente", afirmou, e a violência de rua a que se assistiu em Díli em Março "não seria possível hoje".

Numa extensa entrevista realizada a semana passada na sua residência, nos arredores de Díli, Leandro Isaac passou em revista os quatro meses que passou com Alfredo Reinado nas montanhas do sul do país e as razões que o levaram a juntar-se ao militar no cerco de Same e, recentemente, a abandoná-lo.

Leandro Isaac e um dos homens de confiança de Alfredo Reinado, Felisberto Garcia, regressaram do mato para Díli e entregaram as suas armas, há duas semanas, a José Ramos-Horta, na Presidência da República.

Leandro Isaac admite que mudou a sua opinião sobre José Ramos-Horta, que tem mostrado "um coração bom de mais" no processo negocial com Alfredo Reinado e os peticionários.

Na altura do assalto a Same pelas Forças de Estabilização Internacionais (ISF), a 03 de Março, Leandro Isaac referia-se ao então primeiro-ministro como "prémio Nobel da guerra".

"É verdade, fui muito duro". Hoje, o ex-deputado afirma que o chefe de Estado já foi longe demais nas oportunidades "extraordinárias" de diálogo e abertura, incluindo pernoitar em Alas "sob escolta armada, com bala na câmara, do grupo de Reinado".

"Ele não pensa, o Alfredo. As fases e as oportunidades, ele não aproveitou", acusa o ex-deputado.

Leandro Isaac é referido no relatório da Comissão Especial Independente de Inquérito à crise de há um ano como tendo "algum envolvimento" no ataque à casa do chefe do Estado-Maior das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), brigadeiro-general Taur Matan Ruak.

A Comissão recomendou a investigação de uma eventual responsabilidade criminal de Leandro Isaac nesse episódio, num dos dias em que foi visto com uma espingarda automática Steyr.

Leandro Isaac, na entrevista à Lusa, acusou o então comandante-geral-adjunto da Polícia Nacional, Abílio Mesquita, de "perder o controlo" e de liderar o ataque à casa de Taur Matan Ruak, a 24 de Maio de 2006.

"Acusam-me de atacar a casa quando fui eu que protegi a residência e garanti a saída das filhas do Ruak no início dos problemas, que não tinham culpa nenhuma de nada".

Leandro Isaac manteve nesses dias contacto "permanente" por telemóvel com Taur Matan Ruak - com quem tem laços familiares indirectos - e com José Ramos-Horta, então chefe da diplomacia timorense.

"A casa só foi saqueada quando os polícias que a guardavam por ordem do comandante da PNTL foram expulsos de lá por soldados australianos, que depois também foram embora", contou Leandro Isaac.

"Eu tinha ido a Ainaro visitar a minha mãe".

"Na altura, era tudo legal", comentou o ex-deputado sobre o confronto entre o grupo de Alfredo Reinado e as F-FDTL em Fatuahi, que provocou vários mortos.

"Nós queríamos livra-nos dessa situação. A Polícia estava toda desmantelada. Depois, era uma guerra civil que poderia acontecer naquele momento. Mas tudo era provocado", acusou Leandro Isaac.

6 comments:

Anonymous said...

“A decisão de Reinado sair para Fatuahi (23 de Maio de 2006, lugar de um ataque a elementos das F-FDTL) foi dele ou de alguém mais?

Isaac Leandro - Essa é outra conversa... Há tudo isso, mas na altura era tudo legal. Nós queríamos livrar-nos dessa situação. A Polícia estava toda desmantelada. (…)”

Na altura era tudo legal? Nada disso, vejam só o que diz o Relatório da Comissão Especial da ONU sobre esse incidente e as recomendações que faz:

“Confronto Armado em Fatu Ahi no dia 23 de Maio de 2006
64. Até 22 de Maio de 2006 tanto a PNTL quanto a F-FDTL possuíam informações secretas (inteligência) segundo as quais membros da URP da PNTL encorajavam e apoiavam a violência entre oriundos do leste contra oriundos da parte ocidental do país na zona de Fatu Ahi. Foram feitos planos para montar um posto conjunto de operação integrando elementos da F-DFTL e da PNTL. Cerca das 11.00 horas da manhã do dia 23 de Maio, duas viaturas transportando 9 soldados do 1º Batalhão da F-FDTL, sob o comando do Tenente-Coronel Falur, chegaram a Fatu Ahi para se encontrarem com membros da PNTL. Deveriam realizar uma avaliação do terreno do já planeado posto conjunto. As viaturas pararam perto do ponto mais alto de Fatu Ahi. Assim que os soldados desceram das viaturas viram homens envergando uniformes da polícia por detrás da escola e das árvores. Tais homens não eram os membros da PNTL com quem esperavam se encontrar. Eram membros do grupo do Alfredo.

65. O Major Reinado e onze dos seus homens haviam chegado à área naquela manhã provenientes de Aileu. Eles estavam acompanhados de civis e de 10 membros da URP munidos de armas automáticas. Cerca das 09.00 horas da manhã dois jornalistas chegaram e começaram a entrevistar, com vídeogravação, o Major Reinado. O início da confrontação armada encontra-se captado nessa vídeogravação. O tiroteio foi iniciado pelo Major Reinado ao contar até dez após ter lançado uma advertência no sentido de se afastarem. O Tenente-Coronel Falur ordenou aos soldados que respondessem aos disparos.

66. O confronto em Fatu Ahi durou até ao cair da noite. O grupo do Major Alfredo cercou os soldados da F-FDTL, os quais nem todos estavam armados, impossibilitando-os de se retirarem. O Tenente-Coronel Falur pediu reforços. Uma viatura da PNTL com dez membros dessa corporação que seguia entre Baucau e Dili foi apanhada sob o fogo. Um membro da PNTL foi morto e dois ficaram feridos. Cerca do meio-dia, os primeiros reforços da F-FDTL chegaram, tendo três deles ficado feridos. Mais ou menos à mesma hora um autocarro da F-FDTL, transportando soldados para Dili a fim de levantarem os seus salários, chegou depois de os passageiros terem ouvido disparos de arma de fogo. O mesmo autocarro foi atacado a cerca de 300 metros a ocidente do sítio original da
emboscada. Um desses soldados morreu e três outros ficaram feridos. Mais tarde o Major Rai Ria deslocou-se ao local com um escolta e ambos foram feridos. Cerca das 02.00 horas da tarde o Major Amico chegou de Metinaro com cerca de dez homens. Ele aproximou-se de Fatu Ahi a partir das cercanias da montanha e colocou-se numa posição mais elevada do que a do Major Alfredo Reinado e seus homens. O Major Alfredo Reinado então retirou-se, usando uma viatura da PNTL que mais tarde foi devolvida. Dois dos homens do Major Reinado e um civil foram mortos. No total, cinco pessoas foram mortas e dez ficaram feridas.

Confronto Armado em Fatu Ahi no dia 23 de Maio
116. O confronto armado ocorrido em Fatu Ahi encontra-se descrito nos parágrafos 64 a 66. As provas estabelecem que existem bases razoáveis para se suspeitar que o Major Alfredo Reinado e os homens que compunham o seu grupo cometeram crimes contra vidas e pessoas durante o confronto armado ocorrido em Fatu Ahi. Na base do material perante si, a Comissão pode estabelecer que o Major Reinado esteve presente com pelo menos 11 dos seus homens, 10 membros da URP e alguns civis. A Comissão está na posição de identificar pelo nome alguns dos membros desse grupo, mas não todos.

117. A Comissão recomenda que as seguintes pessoas sejam processadas judicialmente: Alfredo Alves Reinado; Rudianus Anoit Martins; Leopoldino Mendonça Exposto; Gilberto Suni Mota; Anterlrilau Ribero Guterres, também conhecido por Anteiru Rilau Ribero; Alferes Joabinho Noronha; Filomeno Branco de Araújo; Inácio Maria da Concerição Maia; José de Jesus Maria; e Amaro da Costa, também conhecido por Susar.

118. A Comissão recomenda que se leve a cabo mais investigações para se apurar quais dos seguintes homens do grupo do Major Reinado estiveram presentes em Fatu Ahi: Moisés Ramos; Plácido Ribeiro Gonçalves; Deolindo Barros; António Savio; Filomeno Soares Menezes; Francisco de Augusto; Gilson José António da Silva; Joaninho Maria Guterres; Joaquim Barreto; José Gomes; Natalino Borges Pereira; André da Costa Pinto Martinho Almeida; Albilio da Costa de Jesus; Francisco Ximenes Alves; Filsberto Garcia; Dario da Silva Leong; Nelson Galucho; e Nixon Galucho. A Comissão recomenda também que se realizem mais investigações para se apurar a identidade de outros membros da URP e de civis que eram membros do grupo atacante. Caso tais investigações apurem a identidade desses homens, a Comissão recomenda que os mesmos sejam também processados judicialmente.”

PS: Estão a ver como mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo?

Anonymous said...

“Isaac Leandro: A realidade ultrapassou Alfredo. Ele retardou-se em compreender que a crise entre lorosae e loromonu passou. Hoje não há nenhum F-FDTL que vá a Same ou Maliana para matar mais pessoas. (…)”

Não passa afinal de um difamador e caluniador de pacotilha este ex-deputado. E é de bradar aos céus a continuação da campanha de diabolização contra as F-FDTL, pois NUNCA, por nunca ser andaram as F-FDTL fosse em que sítio fosse a matar pessoas. Nunca! Espero que as F-FDTL processem este canalha por difamação.

Anonymous said...

Este antigo deputado da nação que conforme confessou, em defesa dos interesses “justos” (!!?) do Reinado, participou no ataque à residência do Comandante das F-FDTL e do então Ministro da Defesa de TL, e pôs durante um dia inteiro em risco a vida de duas crianças, tem o desplante de acusar "Lu Olo é um homem pequeno com um pequeno coração de pedra", porque este não lhe atende o telefone!!!

E não só diz isto aos jornalistas com todo o topete, como até se gaba de ter trazido com ele um dos suspeitos do ataque às F-FDTL em Fatu Ahi, Felisberto Garcia, ex-membro da UIR da PNTL, que depois de 14 meses em fuga integrado no bando do Reinado, passa – sem qualquer escrutínio! - a elemento da segurança pessoal do PR.

Dá para perceber as consequências da falta de acção do Procurador-Geral Longinhos Monteiro, não dá?

Dá ainda para perceber que não era apenas o Xanana que mexia os cordelinhos e dava ordens directas ao antigo Comandante da PNTL e hoje deputado eleito pelo CNRT Paulo Martins.

E dá também para perceber porque é que desde há mais de um ano têm estado em permanência por TL vários funcionários do Dr. Balsemão e porque ficou de piquete o Pedro Rosa Mendes, o especialista nas entrevistas aos amigos estrangeiros do Horta e agora de ficções com grutas fotogénicas? Ora se dá!

Anonymous said...

O Grande problema nao e o Reinado, ele e um pau mandado que ira pagar no futuro a culpa de outros.

Nao sei quem esta por detras do Major pois esta bem escondido e mesmo que desconfie e mau julgar sem provas, mas Leandro Isack o sonhador, que desejava ser um agente duplo (Intel Indonesia e resistencia) esta metido no assunto ate ao pescoco.

Como pode um membro do Parlamento, ainda que independente, pegar em armas contra o povo que deve defender?

Sera que matou alguem?
Talvez alguem que votou nele para que o defendesse! Enfim uma cobra.

Quando estava no mato, insultou publicamente o PR sem respeito algum por aquilo que ele representa, agora voltou calmamente como se tivesse ido cacar veados entregou a arma ao armeiro e continua a fazer a sua vidinha como se nada acontecesse.

Cuidado que ele ainda vai chegar a PR.

From Suai with love

Anonymous said...

E o Procurador-Geral Longuinhos Monteiro anda a ver passar os navios e não implementa as medidas que a Comissão da ONU recomendou, nomeadamente sobre o Isaac Leandro?

Anonymous said...

o sr. Leandro pode fazer todos os comentários o que quiser mas a verdade é que ela fez parte de todas as violências que aconteceram e fez parte de todas as reuniões e planos para tal acontecimentos.