Brasil, Índia e África do Sul querem chegar a 2010 com um comércio anual de US$ 15 bilhões entre eles, disseram nesta terça-feira os ministros de Relações Exteriores dos três países.
O volume representaria um aumento de 50% acima dos US$ 10 bilhões que o grupo quer registrar este ano, segundo afirmou em Nova Déli o ministro Celso Amorim.
Amorim participou, na capital indiana, de uma reunião ministerial com vistas à cúpula presidencial do chamado Ibas (Índia, Brasil e África do Sul), marcada para outubro no país africano.
Em meio a tensões comerciais que envolvem os países industrializados e emergentes, a iniciativa trilateral deve reforçar a faceta da diplomacia brasileira que aposta nas relações entre países do hemisfério sul.
O chanceler Amorim, seu equivalente indiano, Pranab Mukherjee, e a ministra sul-africana do Exterior, Nkosazana Dlamini-Zuma, apresentaram um longo documento de 24 páginas que destaca 13 áreas de cooperação trilateral.
Uma delas prevê que seja ampliado o raio de ação de um fundo de combate à pobreza mantido pelos três países e que já financia iniciativas no Haiti e na Guiné-Bissau.
Uma missão trinacional deve ser enviada ao Burundi para examinar projetos de combate à Aids. Planos para o Timor Leste também estão sendo considerados.
Em uma entrevista publicada nesta terça-feira no jornal The Hindu, Celso Amorim disse que o fundo de apenas US$ 4 milhões é "pequeno, mas crescerá em um milhão de dólares a cada ano".
"Esta é a primeira vez que você vê países em desenvolvimento unindo forças para ajudar outros países que são mais pobres que eles", disse Amorim, segundo o jornal.
"Ser pobre não significa que você não pode demonstrar solidariedade." Na entrevista, Amorim afirmou que o Ibas representa a criação de uma "nova geografia mundial".
Os três países integram o G20, o grupo que representa os países emergentes nas discussões da Organização Mundial do Comércio.
Além disso, em seu comunicado, os três ministros do Exterior falam de estabelecer um comitê para dar os primeiros passos em direção a um grande espaço econômico unindo o Mercosul, a Índia e a Sacu, a união aduaneira dos países do sul africano.
Entretanto, o chanceler reforçou que a "nova geografia" teria um caráter mais amplo, capaz de "influenciar como as pessoas vêem o mundo" e "ajudar o mundo a se tornar mais multipolar".
Em relação a este tema, o comunicado defende a expansão do Conselho de Segurança da ONU, tanto na categoria de membros permanentes e não-permanentes, com a inclusão de novos países da Ásia, África e América Latina.
Outra área de cooperação considerada "estratégica" pelos ministros foi a energética. Um grupo trilateral deve ser estabelecido para avaliar como os três países podem trocar experiências nesse campo.
A idéia é chegar a um quadro de intercâmbio tecnológico que beneficie a todos: o Brasil, líder em produção de etanol; a Índia, avançada em tecnologia eólica; e a África do Sul, que tem expertise na transformação de carvão para líquido, ou gás para líquido.
Recentemente, em visita a Nova Déli, Lula destacou a parceria no campo dos biocombustíveis poderia contribuir para a meta de quadruplicar o comércio com a Índia até 2010, para atingir US$ 10 bilhões.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment