Sunday, 8 July 2007

Aliança de oposição apresentou-se a Ramos-Horta




A aliança de oposição para «uma nova maioria» em Timor-Leste comunicou hoje ao Presidente Ramos-Horta a disponibilidade para formar governo assim que o Tribunal de Recurso validar os resultados das legislativas de 30 de Junho.


«Estamos prontos para formar governo e concordamos com o Presidente da República que a decisão tem que ser imediata» após a validação dos resultados das eleições de 30 de Junho, afirmou à agência Lusa o presidente do conselho nacional do Partido Social Democrata (PSD), Zacarias da Costa, no final da audiência com José Ramos-Horta.

A audiência deu seguimento ao anúncio da constituição da aliança, de manhã, em conferência de imprensa.

No Hotel Timor, perante uma sala cheia, estiveram Xanana Gusmão, Mário Viegas Carrascalão, Francisco Xavier do Amaral e Fernando «La Sama» de Araújo, que antes da declaração pública reuniram-se, à porta fechada, numa pequena sala do hotel.

Estes líderes representam, respectivamente, o Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT), o Partido Social Democrata (PSD), a Associação Social Democrática de Timor-Leste (ASDT, que concorreu às legislativas em coligação com o PSD) e o Partido Democrático.

O Partido de Unidade Nacional (PUN), de Fernanda Borges, não integra formalmente mas apoia a aliança parlamentar.

«Temos uma maioria clara para nos apresentarmos ao Presidente como alternativa viável» à Fretilin, que venceu as eleições sem maioria absoluta, com 29% dos votos, acrescentou Zacarias da Costa à Lusa.

«O Parlamento deve tomar posse e começar a trabalhar de imediato. Devido à crise, prescindimos das férias», acrescentou o dirigente do PSD.

José Ramos-Horta, em declarações à imprensa, sublinhou que «estas são consultas informais» que antecedem a validação final dos resultados das eleições.

«Ontem reuni com a direcção da Fretilin e amanhã vou reunir com os bispos» de Baucau e Díli, «e depois provavelmente voltarei a estar com a Fretilin», explicou o chefe de Estado.

«Na próxima semana, tomarei uma decisão» sobre a formação do IV Governo Constitucional.

«As duas possibilidades estão em aberto», adiantou o Presidente da República, que não excluiu a possibilidade de existir ainda um acordo entre a Fretilin e a aliança de oposição.

«Se os partidos conseguirem entender-se e ter solução que saia deles todos, o Presidente da República aceitará».

«Este é um país novo e devemos ter uma atitude pedagógica de ensinar este povo que a democracia também é alternância política», disse Zacarias da Costa, sobre o risco de o eleitorado da Fretilin não aceitar que o partido fique na oposição.

«Quem governou mal deve estar na oposição. Quem não governou, deve governar, para o povo fazer a diferença nos próximos cinco anos», acrescentou o dirigente do PSD, escolhido para porta-voz da aliança parlamentar.

«Será fácil explicar ao povo que quem ganha pode não governar. Não é a primeira vez que este povo vai a eleições e sabe que quem não consegue maioria para governar, fica na oposição», afirmou ainda Zacarias da Costa.

O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, admitiu hoje que o partido está aberto a eventuais coligações com o CNRT se tal «contribuir para estabilizar o país».

Mari Alkatiri adiantou, no entanto, que «o que se está a fazer é curto-circuitar as expectativas do eleitorado. Isso não ajuda nada à estabilidade e paz no país. Mas, ainda assim, temos muito tempo para criar um melhor clima de diálogo».

À mesma hora a que decorria a audiência da aliança com o Presidente da República, líderes dos sete partidos sem assento parlamentar reuniam-se no Hotel Timor para discutirem «a criação de um grupo de pressão, de uma plataforma comum de intervenção», explicou à Lusa um dos dirigentes envolvidos.

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