O parlamento reconheceu hoje Francisco Xavier do Amaral como primeiro Presidente da República de Timor-Leste, uma decisão que o decano da política timorense agradece mas considera "muito tardia".
O reconhecimento do estatuto de ex-chefe de Estado, "com todos os direitos, honras e regalias inerentes", foi aprovado por unanimidade do plenário, com 51 votos, anunciou o parlamento num comunicado.
A aprovação do projecto de resolução 91/I/5ª foi uma concessão do partido maioritário, a Fretilin, que "impedia o reconhecimento até hoje", recordou Francisco Xavier do Amaral.
Foi um deputado da bancada da Fretilin, Elizário Ferreira, que apresentou o projecto de resolução para o reconhecimento do "papel desempenhado por Francisco Xavier do Amaral na luta pela independência".
"Telefonaram-me hoje vários dirigentes e eu disse-lhes: se não fosse a pressão do Xanana (Gusmão) e do (Presidente José Ramos) Horta, não tinham aprovado isto", afirmou Francisco Xavier do Amaral.
"Dão-me os parabéns mas não faço anos hoje. Deve ser porque me querem oferecer alguma coisa na mesma", comentou o líder da Associação Social Democrática Timorense (ASDT).
"Lamento que isto tenha vindo tão tarde, mas obrigado a todos. Ainda tenho um ou dois meses para aproveitar o que vier na minha terra. Mesmo a comer batata".
Francisco Xavier do Amaral, 70 anos, é natural de Maubisse.
"Nasci nas montanhas. Se fosse em Portugal, teria nascido na Serra da Estrela. Sou de Turiscaia, a 17 quilómetros do cruzamento de Maubisse", no centro do país, explicou Xavier do Amaral durante a campanha para as presidenciais de 09 de Abril, nas quais obteve o quarto melhor resultado entre oito candidatos.
Em 1974, Xavier do Amaral foi fundador da ASDT (de que ainda é presidente), movimento político que deu origem à Fretilin, de que também foi fundador e que, mais tarde, viria a ser o seu principal inimigo político.
"Fui da Fretilin mas não sou radical. Aliás, a base de Timor é o animismo. O catolicismo e as outras coisas estão por cá há muito mas o animismo continua forte. Penso voltar para a política para concretizar o meu sonho, para criar um Timor independente, para Timor ser feliz e não um Timor para acordar com lágrimas", declarou antes das eleições presidenciais.
O projecto de resolução hoje aprovado recorda que "a Constituição da República, tanto no seu preâmbulo como no seu artigo 1 o, n.o 2, torna claro que 'o dia 28 de Novembro de 1975 é o dia da Proclamação da Independência da República Democrática de Timor-leste'".
"Esta proclamação foi feita pelo Sr. Francisco Xavier do Amaral , então Presidente da FRETILIN, em nome do Comité Central da FRETILIN", refere o diploma.
Francisco Xavier do Amaral "foi de seguida empossado como Presidente da República, tornando-se assim no primeiro Presidente da República Democrática de Timor-Leste", conclui o projecto aprovado pelo Parlamento.
Xavier do Amaral foi chefe de Estado por nove dias, devido à invasão de Timor-Leste pela Indonésia, a 7 de Dezembro de 1975.
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2 comments:
Boa Katuas!
Aprendeste a licao e deste tambem uma boa licao.
Eles acabaram por reconhecer o passado, mas so o teu. O passado deles aquilo que te fizeram (e nao so a ti) eles nao reconhecem, porque sao maus e vingativos.
A vida de um ser humano para eles nada vale, o nome dum homem para eles eh um numero que misturam no universo dos "atan" do partido.
Nao sou da Fretilin, nem aceito a Independencia proclamada unilateralmente (So eles existiam em Timor, so eles eram timorenses etc. etc. etc.).
Mas, paradoxo, ACEITO-TE POR AQUILO QUE FOSTE E QUE ES: Um HOMEM com um "H" grande.
Santa Cruz
A isto chama-se 'kose-kose', 'boot licking' etc.
E' verdade que finalmente o avo Xavier consegue o devido reconhecimento, mas tambem e' verdade que isto so foi para amansar a oposicao quando ao longo de 7 anos o Mari e a Fretilin sempre fizeram questao de negar terminantemente esse facto historico.
O avo Xavier e' que nao e' parvo e apesar de ja ser de idade avancada ainda consegue distinguir as jogadas politicas.
Mas isto e' mais um sinal da estrondosa queda da Fretilin de Maputo e do que sao agora forcados a admitir contra as suas vontades.
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