Saturday, 28 July 2007

Alkatiri acusa critica atitudes do Governo australiano


O antigo primeiro-ministro de Timor Leste, Mari Alkatiri, declarou hoje ter sido "apanhado de surpresa" pela recente visita a Díli do chefe do governo australiano, John Howard, que disse ter sido feita sem aviso prévio às autoridades timorenses.


John Howard deslocou-se na quinta-feira a Díli para celebrar o seu 68º aniversário, mas Alkatiri disse em entrevista ao programa em português da Rádio SBS da Austrália que nem o governo timorense, nem a embaixada de Timor Leste em Sidney foram notificados sobre essa viagem.

"Achei que protocolarmente a visita foi mal organizada. Não percebo como é que um país como a Austrália, com muitos anos de existência, com relações bilaterais com muitos países do mundo, cometeu um erro desses", comentou o antigo primeiro-ministro timorense.

No entanto, deixou claro que Timor-Leste não quer que as relações entre os dois países se deteriorem e que o país pretende ter as melhores relações possíveis com a Austrália.

"Temos aqui um grande contingente militar australiano, a nosso pedido, mas esperamos tomar conta dos nossos assuntos internos o mais rápido possível. Toda a presença estrangeira quando começa perpetuar-se cria alguns pequenos conflitos com a população e isso pode influir negativamente nas relações entre os dois países", acrescentou Alkatiri.

Na entrevista à estação de rádio, Alkatiri mostrou-se confiante de que a Fretilin liderará o próximo governo timorense.

"A última decisão caberá ao Presidente da República e esperamos que ele decida com base na Constituição. Ele tem feito consultas a constitucionalistas de quase todo o mundo, cada um com a sua opinião, mas eu não sou apenas um jurista amante do constitucionalismo, eu fiz a Constituição também, portanto tenho o pensamento do legislador, não um legislador abstracto, mas um legislador bem concreto".

Mari Alkatiri acredita que o Presidente José Ramos-Horta não terá alternativa, respeitando a Constituição, senão convidar a Fretilin, como partido mais votado nas eleiçõesde 30 de Junho, para formar o novo governo.

O partido terá então 30 dias para cumprir a tarefa, advertiu o secretário-geral da Fretilin, durante a entrevista à estação de rádio australiana.

"Ele (Ramos-Horta) não pode exigir do partido que forme o governo em três dias", avisou, afirmando não acreditar que os partidos da oposição, mesmo unidos, consigam maioria no parlamento para fazerem passar um governo.

"Maioria ou não, maioria parlamentar é uma questão que só se pode provar nas votações, não em acordos pós-eleitorais feitos pelas diferentes lideranças", defendeu, referindo-se a um acordo assinado pelos partido da oposição.

"O grande teste é a eleição do novo presidente do parlamento, na segunda ou terça-feira, para substituir Francisco Lu-Olo Guterres. Eu não acredito que aqueles que se dizem aliados votarão em bloco no candidato deles", Fernando Lassama de Araújo, presidente do PD.

O candidato da Fretilin à presidência do parlamento é Aniceto Guterres.

Em entrevista à Rádio SBS da Austrália, dois dias antes da abertura do novo parlamento timorense, na segunda-feira, 30 de Julho, o ex-primeiro-ministro de Timor-Leste confirmou que não é candidato ao cargo de primeiro-ministro e deu a entender que a Fretilin tem outro nome para avançar.

"Eu tenho deixado claro que não sou candidato, por isso a comissão política nacional da Fretilin irá decidir em tempo oportuno quem deverá avançar", disse.

Instado a revelar qual o nome do seu partido para primeiro-ministro, Mari Alkatiri disse: "preferimos não criar mais, diríamos assim, discussões, debates dentro da Fretilin".

E sobre a hipótese de alcançar um acordo com algum partido da oposição para formar o governo, Mari Alkatiri mostrou-se céptico.

"Da nossa parte sempre houve abertura para um acordo porque entendemos que ainda estamos num período delicado, frágil, da estabilidade no nosso país. O resultado das eleições mostrou que o povo não deu maioria absoluta a ninguém, mas deu uma maioria relativa simples à Fretilin, portanto deveríamos tomar a iniciativa de incluir outros na governação de modo a resolver os problemas mais graves do pais", acrescentou.

"Mas o outro lado não entende assim, entende que já estamos numa democracia consolidada, achando que devem trabalhar com base em poder e oposição, e por isso mesmo tem sido difícil chegar a um acordo", explicou Mari Alkatiri.

Quanto a uma aliança com o CNRT, do ex-Presidente Xanana Gusmão, Alkatiri diz que "em política nada é impossível".

"Naturalmente que aqui há questões de personalidade, num e noutro partido, que devem encontrar um entendimento, um consenso, para ver se mesmo estando na oposição, oposição não significa destruição", disse o antigo primeiro-ministro timorense.

10 comments:

Robiana Florencio said...

Ouvi a entrevista na radio em Darwin. A sujeita que o entrevistou uma tal brasileira de nome Beatriz, vê-se mesmo que não percbe nada de Timor-Leste nem de diplomacia.

Nem sequer soube ver a diferensa de uma visita de estado e de uma visita privada a tropas australianas . Se fosse visita de estdao, o assunto era outro!. E o Alkatiri tirou a vantagem da sua ignorancia para fazer a propaganda dele! Fogo mulher vai estudar mais sobre Timor pá!

Anonymous said...

Está então a Robiana a dizer que se eu quiser ir à Austrália numa visita privada que não tenho de dar satisfações aos Australianos? Se assim o fizesse, depois não me podia queixar se não me deixassem passar a fronteira...

Anonymous said...

Muito moderado e macio esteve o Mari nesta entrevista porque o que o Howard fez foi de uma total arrogância e estupidez. É que não passa pela cabeça de ninguém que um PM vá visitar outro país e NEM SEQUER informe o governo desse país.

Anonymous said...

Essa Beatriz Wagner sempre meteu agua desde ha muito tempo, msmo quando ainda Timor lutava pela sua libertacao! Ja devia aprender mais sobre Timor=Leste e diplomacia para distinguir o que eh uma visita oficial e o que eh uma visita particular!... Mas tambem Mari ou nao quis esclarecer a Beatriz ou aproveitou-se para vender o seu peixe!...

Anonymous said...

Nao concordo com esta observacao. Timor Leste e um Estado soberano e nao uma colonia Australiana. Logo, o Governo Timorense devia ser informado desta visita, seja ela privada ou nao.

Anonymous said...

Não me interessa a visita do fulano mas sim a entrevista do sr. Mari em relação as eleições para presidente da Assembleia. Ágora que já sairam os resultados o sr alkatiri ja acredita. Teve que engolir o que disse.............

Anonymous said...

Ao criticar a atitude do governo da Australia o Alkatiri passou um atestado de incompetencia ao governo de Estanislau da Silava porque a haver qualquer critica devia vir do governo o que nao aconteceu.

Afinal quem e' que o Alkatiri pensa que e'? PM?

Ainda ninguem lhe disse que ja vai mais de um ano que ele desceu do 'poleiro'?

Deve pensar que ainda e' PM. Coitadinho, nao quer conformar-se com a realidade.

Anonymous said...

Concordo com o anónimo das 19.41 (30-7-07), quem deveria falar era o actual PM e não o outro, isso só demonstra que a Fretilin e o seu governo é do Sr. Mari, enquanto o este sr e os seus amigos de Maputo continuarem na Fretilin a Fretilin vai continuar a cair, infelizmente essa é a realidade.

Anonymous said...

Criticam o Estanislau por não ter falado mas não têm a mínima censura contra os líderes do CNRT, ASDT, PSD, PD, etc?

Quando o SG da Fretilin falou, obviamente que falou em nome de todos os seguidores da Fretilin, incluindo o PM Estanislau. Mas os outros todos da oposição pelos vistos concordaram com esta falta de respeito do PM Australiano.

Anonymous said...

O anonimo das 31 July 2007 12:16 nao atingiu o cerne da questao aludida nos ultimos comentarios.

Leia outra vez e pense, pense, pense.