Sunday, 18 November 2007

Timor-Leste: Alguns deputados consideraram inconstitucional mobilizar militares para a luta contra a pobreza - Ramos Horta


Lisboa, 16 Nov (Lusa) - O presidente de Timor-Leste contou hoje a compatriotas em Portugal que alguns deputados consideraram inconstitucional que ele tivesse mobilizado os militares timorense, ingleses e australianos para a luta contra a pobreza.

"Houve deputados a avaliar esta medida como inconstitucional mas eu considero que se a luta contra a pobreza é inconstitucional, então esta Constituição tem de mudar", acrescentou o estadista.

No encontro com a comunidade timorense, ao final da tarde, na Fundação Cidade Lisboa, José Ramos-Horta garantiu que a crise no seu país "está a ser ultrapassada".

Acompanhado por vários membros do seu governo - vice-ministro da Educação, ministro dos Negócios Estrangeiros, embaixador de Timor-Leste em Portugal e secretário de Estado para a Formação Profissional e Emprego - o diplomata finalizou a sua visita oficial a Portugal com uma mensagem de optimismo para os seus conterrâneos que se encontram em Portugal.

Os temas principais do discurso do presidente centraram-se nas relações externas, na educação e no sistema de saúde timorenses.

Segundo Ramos-Horta, Timor-Leste desenvolve relações diplomáticas com todos os países do continente asiático, com os Estados Unidos e com vários países da América do Sul.

Adiantou que, em 2008, Timor-Leste irá abrir uma embaixada em Brasília.

"No encontro com [Luís Inácio] Lula, em Nova Iorque, o presidente do Brasil perguntou-me quando é que eu tencionava abrir uma embaixada no Brasil. Fiquei embaraçado com a sua pergunta e respondi: Para o ano!".

No plano da educação, assegurou que o actual governo irá tratar o assunto com especial atenção em 2008.

Referiu os bons resultados dos estudantes timorenses de Medicina em Cuba, adiantando que, "se houver um aproveitamento [dos alunos de saúde] de cem por cento, teremos um médico por cada mil pessoas, dentro de cinco ou seis anos".

Referiu, também, que a língua portuguesa irá continuar a ter a mesma importância que tem hoje naquele país.

Garantiu que "os erros cometidos no passado, ficaram no passado" e não se irão repetir.

"Não se esqueçam de que somos um país jovem, com apenas cinco anos de existência e um estado moderno não se cria em tão pouco tempo", lembrou Ramos-Horta.

Limitado por "constrangimentos de tempo", José Ramos-Horta não pôde dialogar com o público, maioritariamente timorense mas disponibilizou o seu endereço electrónico para possíveis questões por parte dos que participaram no encontro.

MZB.

Lusa/Fim

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