Tuesday, 20 November 2007
"Se voltar a ser candidato só se for às Nações Unidas"
JOÃO PEDRO HENRIQUES
José Ramos-Horta, PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE TIMOR-LESTE
Ontem [anteontem] perguntei- -lhe em Belém como comentava críticas a uma alegada diminuição da cooperação portuguesa em Timor. O senhor, elegantemente, não respondeu. Insisto: está ou não a diminuir?
Não me parece que tenha diminuído. Essas críticas vêm da parte de quem?
Lêem-se em sites timorenses, blogues, etc...
Não, não me parece. Estamos satisfeitos com o envolvimento português.
O Presidente português apelou a que haja mais participação de outros países da CPLP na cooperação com Timor-Leste. Parece-lhe um pedido viável?
O problema de muitos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) são os recursos humanos. Mas Cabo Verde, por exemplo, tem muitos recursos humanos e poderia ajudar muito mais. E poderia recorrer ao co-financiamento, quer da parte de Portugal quer da parte da UE. Porque não um programa trilateral CPLP/Timor-Leste/UE, financiado pela UE, em que os países da CPLP investissem com recursos humanos.
Começa a aparecer investimento estrangeiro em Timor-Leste ou ainda não?
Começa. Há um grande investimento de um português que vive há mais de 30 anos em Sidney e que vai construir o primeiro edifício de dez andares em Timor, para habitação e escritórios.
E no turismo?
Algum, pelo menos três hotéis, para além do Hotel Timor.
Tudo em Díli?
Sim. Mas na ponta leste também há um muito bom, australiano.
O senhor tem insistido muito no investimento da construção de estradas, para acelerar o desenvolvimento. Esse seu apelo tem tido resposta por parte do Governo de Xanana Gusmão?
É sensível, é sensível. Mas, para 2008, o que consta - eu ainda não vi - é que o Orçamento do Estado é modesto, tipo tapa-furos. É para tapar buracos. Espero que em 2008 o Governo aposte a sério em negociações com o Kuwait e com o Governo japonês para um empréstimo, para que em 2009 comecem obras a sério.
E quanto à diversificação dos fundos do petróleo?
Isso é prioritário, absolutamente prioritário. Não podemos ter os fundos todos depositados no Tesouro dos EUA. Temos de diversificar a aplicação desses fundos.
Vai continuar na vida política até quando?
No máximo dos máximos, se tudo correr bem, até 2012, quando o meu mandato terminar.
Quer dizer que não se vai recandidatar?
Exacto. Constitucionalmente podia ser. Mas não vai ser. Se voltar a ser candidato a alguma coisa será às Nações Unidas.|
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