Thursday 15 November 2007

Ramos-Horta com Cavaco e Manuel Alegre



Presidente de Timor-Leste esteve em Belém e na Assembleia da República

O Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, visitou hoje a Assembleia da República onde foi recebido pelo vice-presidente Manuel Alegre, no segundo encontro da sua estada oficial de dois dias em Portugal.


De manhã, o chefe de Estado timorense foi recebido durante uma hora no Palácio de Belém pelo Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, tendo os dois chefes de Estado almoçado em seguida.

À chegada a São Bento, Ramos-Horta, que estava acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Zacarias da Costa, do vice-ministro da Educação, Paulo Assis Belo, e o secretário de Estado da Formação Profissional e Emprego, Bendito dos Santos Freitas, recebeu cumprimentos de boas-vindas de Manuel Alegre, que substitui interinamente na Presidência do parlamento Jaime Gama, actualmente em visita oficial a Moçambique.

Depois de lhe serem prestadas honras militares, Ramos-Horta seguiu para um encontro com os líderes parlamentares de todos os partidos com assento na Assembleia da República. Não foram feitas declarações à imprensa.

José Ramos-Horta ao fim da tarde terá um encontro com líder do PSD, Luís Filipe Menezes e voltará a encontrar-se à noite com Cavaco Silva, no banquete que o Presidente português lhe oferece no Palácio de Queluz.


Língua portuguesa em Timor-Leste

Ao fim da manhã, depois da visita a Cavaco Silva, Ramos-Horta considerou que o "enraizamento" da língua portuguesa em Timor-Leste é "um esforço de longo prazo", que só estará completo dentro de duas gerações, na melhor das hipóteses.

O presidente timorense, que defende a adopção do português como língua oficial no seu país, considera que "o desenvolvimento nota-se", mas que os resultados práticos surgirão mais tarde.

O presidente timorense lembrou que a história da língua portuguesa em Timor-Leste fez-se de "dificuldades e controvérsia", que obrigaram à necessidade de introdução da língua portuguesa lado-a-lado com o tétum.

De todos os Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Timor-Leste é o único que tem duas línguas oficiais.


Custos do ensino do português

Portugal e também o Brasil têm suportado os custos do ensino da língua, e, segundo Ramos-Horta, também o Estado timorense vai começar a fazê-lo, em 2008.

"O actual governo de Xanana Gusmão orçamentou, pela primeira vez, para 2008, os custos de receber 30 professores de português, incluindo para a Universidade", disse Ramos-Horta.

Cavaco Silva, por seu lado, apelou a que outros países da CPLP, nomeadamente Cabo Verde, participem no esforço de introdução do português em Timor-Leste.

"Todos os países da CPLP devem estar envolvidos nesta consolidação da língua portuguesa, ao lado do tétum em Timor-Leste. O Brasil já está, Cabo Verde pode estar, e outros países podem também estar", afirmou o presidente português.

"A língua é um elemento fundamental de identidade, principalmente no mundo global", disse o chefe de Estado, que manifestou a disponibilidade portuguesa para "acolher sempre" pedidos que venham a ser feitos por Timor neste domínio.


Portugal continuará a apoiar Timor

Cavaco Silva lembrou o papel de Portugal na independência timorense, e que Timor-Leste é actualmente o principal parceiro de cooperação português, estando actualmente em curso um programa indicativo com duração até 2010.

"A nossa relação com Timor-Leste é muito especial, de amizade e afecto, construída em décadas de luta, num tempo em que Portugal estava praticamente sozinho na luta pela liberdade e independência, juntamente com os timorenses. Portugal fará todos os possíveis para ajudar à consolidação das instituições democráticas e do progresso dos timorenses ", disse Cavaco Silva.

Portugal, frisou, está "à disposição" de Timor para continuar cooperação em "áreas centrais" como administração pública, segurança, educação, justiça.

Lembrou ainda os "muitos portugueses" envolvidos na cooperação em Timor, referindo-se em particular aos militares da Guarda Nacional Republicana e agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) que na missão das Nações Unidas (UNMIT) contribuem para a segurança do mais jovem país da Ásia.

"Confio no futuro de Timor-Leste. Podem contar connosco. Acredito que timorenses e portugueses, que partilham a mesma língua, conseguirão manter este laço de amizade, de fraternidade e construir um futuro melhor para todos os timorenses", afirmou o presidente da República.

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