O PSD «não tem divergências» com o Governo em matéria de política externa, declarou hoje em Díli o dirigente social-democrata e antigo chefe da diplomacia portuguesa António Martins da Cruz.
«Não há divergências entre nós e o partido que sustenta o Governo», assegurou Martins da Cruz, questionado sobre a estratégia portuguesa em Timor-Leste.
António Martins da Cruz, que se encontra em Díli até sábado, referiu-se a Timor-Leste como «a prioridade da política externa e da cooperação portuguesa».
«Repetidas visitas de ministros portugueses a Timor-Leste têm manifestado o interesse continuado de Portugal neste país», afirmou, sublinhando que «a oposição deve reconhecer o que o Governo faz de bom quando é bem feito».
«Timor-Leste tem interesse para o PSD agora e quando ganharmos as eleições» legislativas, comentou também.
António Martins da Cruz é o novo presidente da Comissão de Relações Internacionais do PSD, após a eleição de Luís Filipe Menezes para a liderança do partido.
Para o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do XV Governo Constitucional, liderado por Durão Barroso, «o PSD pode ajudar Timor-Leste através da sua rede internacional».
Martins da Cruz recordou, a propósito, que o PSD faz parte do PPE, o maior grupo do Parlamento Europeu, e de duas organizações internacionais de partidos centristas e democratas cristãos.
«Esta rede pode ser útil a Timor-Leste para fazer passar mensagens por canais oficiosos», referiu.
«O PSD foi o partido português que mais se interessou por Timor-Leste durante 30 anos, mesmo quando esteve na oposição, e eu vim reafirmar esse interesse», defendeu António Martins da Cruz.
O dirigente do PSD foi portador de cartas de Luís Filipe Menezes para o chefe de Estado, o chefe de Governo, o vice-primeiro-ministro e o chefe da diplomacia timorenses.
António Martins da Cruz definiu a sua visita a Díli como sendo «do âmbito exclusivamente partidário».
No entanto, deslocou-se a Díli acompanhado por Rui Botica Santos, sócio-coordenador da sociedade portuguesa de advogados CRA (Coelho Ribeiro & Associados), de que é consultor.
A CRA Timor assinala hoje dois anos de actividade em Timor-Leste, onde tem como clientes operadores importantes dos sectores energético e de transitários, entre outros, e onde presta serviços de assessoria ao Estado.
Após a sua saída do Ministério dos Negócios Estrangeiros, António Martins da Cruz criou uma empresa de consultoria internacional, com clientes sobretudo na área financeira, incluindo o Carlyle Group, o maior grupo mundial de capital de investimento.
«Estivemos com todos», resumiu António Martins da Cruz sobre a agenda nos quatro dias em Díli: desde o Presidente da República ao primeiro-ministro, passando por todos os líderes dos principais partidos e o chefe da missão das Nações Unidas, além dos clientes que são mantidos em confidencialidade. «E vi os dois bispos», acrescentou.
Em Díli, manteve também reuniões com os embaixadores de Portugal, dos Estados Unidos da América, da Indonésia, da Austrália, da China e do Brasil.
«Timor vive no centro de uma tensão estratégica entre a Indonésia e a Austrália e é muitas vezes instrumental nessa tensão», afirmou António Martins da Cruz.
«Além disso, Timor-Leste é para o Vaticano um Estado de linha-da-frente», frisou, referindo que «é, ainda, um país independente após uma ocupação que devastou as elites».
«O país precisa de se afirmar no plano externo e de se reconstruir no plano interno», afirmou António Martins da Cruz sobre a situação actual.
«Isto leva gerações e pelo meio há acidentes de percurso. Certamente haverá mais», concluiu.
Diário Digital / Lusa
Saturday, 19 January 2008
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