Tuesday, 3 June 2008
Visita de Salsinha autorizada por tribunal
O Presidente da República de Timor-Leste pediu ao tribunal que autorize o ex-tenente Gastão Salsinha a visitá-lo fora da prisão. O pedido de José Ramos-Horta mereceu o parecer desfavorável de um procurador internacional mas foi autorizado por um juiz timorense, afirmaram fontes judiciais à Lusa, que falaram sob anonimato.
Lusa
pedido de José Ramos-Horta para que o ex-tenente Salsinha o visite na Presidência da República mereceu também o parecer favorável da ministra da Justiça, Lúcia Lobato, e do primeiro-ministro, Xanana Gusmão.
O pedido foi apresentado oficialmente ao tribunal pelo gabinete do chefe de Estado.
No despacho que autoriza a visita de Gastão Salsinha a José Ramos-Horta, um juiz timorense do Tribunal Distrital de Díli justifica o deferimento por se tratar de um “acto social”, segundo uma fonte conhecedora do processo.
Gastão Salsinha e um grupo de ex-elementos das forças de segurança timorenses encontram-se em prisão preventiva em Becora, Díli, como co-arguidos no processo dos ataques de 11 de Fevereiro de 2008 contra o chefe de Estado e contra o primeiro-ministro.
O ex-tenente das Falintil-Forças Armadas de Timor-Leste (F-FDTL) é o principal suspeito do caso de 11 de Fevereiro, já que o major Alfredo Reinado, que liderava o grupo que atacou a residência do Presidente da República, morreu antes mesmo de José Ramos-Horta ser atingido.
Uma fonte do Ministério Público timorense, conhecedora da legislação aplicável em Timor-Leste, explicou à Lusa que a visita a um detido na prisão é “normal”, mas que a situação inversa não está directamente prevista na lei fora de “motivos humanitários como a morte de um familiar ou o nascimento de um filho”.
“A remoção do preso para outro local, fora da mudança de prisão que é competência normal dos serviços prisionais, pressupõe uma autorização judiciária competente e efectua-se apenas para fins judiciais”, explicou a mesma fonte.
“Não parece ser o caso deste pedido do Presidente da República, até porque não existe no processo, aparentemente, qualquer pedido do advogado ou do próprio arguido” Gastão Salsinha para a visita ao chefe de Estado.
“A visita é feita afinal de quem para quem? E uma segunda questão se levanta: e se Gastão Salsinha não quiser visitar José Ramos-Horta? O que lhe acontecerá? Ninguém sabe se o arguido está interessado na visita”, interrogou-se o mesmo magistrado ouvido pela Lusa.
“Além disso, o Presidente da República é vítima num processo em que o principal arguido é Gastão Salsinha”, sublinhou a mesma fonte do Ministério Público.
José Ramos-Horta falou ao grupo de Gastão Salsinha na prisão de Becora no dia 21 de Maio, numa visita aos reclusos em que o chefe de Estado anunciou que queria em breve encontrar-se a sós com o ex-tenente para procurar entender o 11 de Fevereiro.
“Eu sou uma vítima da crise de 2006. Todo o mundo e o povo de Timor não compreenderam e ficaram perplexos em relação ao que me aconteceu” em Fevereiro, disse o chefe de Estado perante Salsinha e alguns dos homens que quase acabaram com a sua vida, incluindo Marcelo Caetano.
“No entanto, o evento de 11 de Fevereiro não afecta em nada os meus sentimentos pessoais, os meus princípios, em relação à condição de presos”, explicou também o Presidente da República.
“Não interfiro no processo de justiça mas quero um dia destes conversar a sós com Gastão Salsinha para entender o porquê do 11 de Fevereiro”, declarou também José Ramos-Horta durante a visita a Becora.
A agência Lusa não obteve hoje nenhum esclarecimento adicional da Presidência da República sobre as condições ou data da visita de Gastão Salsinha a José Ramos-Horta.
Lusa/fim
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