Wednesday 10 September 2008

Comitiva do Timor-Leste conhece projetos de empreendedorismo em Goiás e Brasília


Comitiva de Timor-Leste na Cooperativa 100 Dimensão, em Brasília



Brasília - Considerado um dos países mais jovens do mundo devido ao pouco tempo de independência, o Timor-Leste encontra-se em processo de reconstrução de suas bases econômica e social. Para isso, tem contado com o apoio de diversas nações, entre as quais o Brasil, que, com o apoio direto do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, criou este ano o Grupo Executivo de Cooperação.

A iniciativa surgiu após encontro entre o presidente brasileiro e o primeiro ministro do Timor-Leste, Xanana Gusmão, em julho deste ano. Durante o encontro foi estabelecido acordo para criar um Grupo Executivo de Cooperação, formado por órgãos e instituições brasileiras, responsável por identificar áreas prioritárias de atuação conjunta para a formulação de projetos de interesse ao desenvolvimento do Timor-Leste.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é um dos integrantes do Grupo Executivo de Cooperação. Na sexta-feira (5), a Instituição recebeu, em Brasília, delegação da Comissão de Eliminação da Pobreza, Desenvolvimento Rural e Regional e Igualdade de Gênero do Parlamento Nacional de Timor-Leste. A delegação veio conhecer ações no Brasil de reciclagem de lixo e de agricultura familiar.

O grupo visitou as instalações da Cooperativa 100 Dimensão. Localizada no Riacho Fundo 2, Região Administrativa de Brasília, a cooperativa faz coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos e trabalha com foco em educação ambiental. Em seguida, a comitiva seguiu para a sede do Sebrae Nacional para que o gerente da Unidade de Agronégócios da Instituição, Juarez de Paula, apresentasse informações técnicas sobre o projeto Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS). Nesta segunda-feira (8), os timonenses conhecem unidades produtivas de agricultura familiar assistidas pelo PAIS na cidade de Cristalina, em Goiás.

Embora a principal fonte de receita do Timor-Leste seja o petróleo, 73,5% da população do País vive em áreas rurais. No conjunto, a agricultura representa cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) não-petrolífero. Porém, o que é cultivado não é suficiente para o auto-sustento das famílias timonenses, sendo necessário importar tudo o que é consumido internamente. O descarte do lixo também é outro grande problema existente no País.

O presidente da Comissão de Eliminação da Pobreza, Desenvolvimento Rural e Regional e Igualdade de Gênero do Parlamento Nacional de Timor-Leste, Osório Florindo, explicou que as experiências vistas no Brasil serão levadas ao Parlamento para avaliação de viabilidade. "Tudo no Timor é novo. O País, a Comissão de Combate a Pobreza, o debate sobre o assunto. É por isso que precisamos adquirir informações e conhecer iniciativas bem-sucedidas", afirmou.

Para o diretor de Administração e Finanças do Sebrae Nacional, Carlos Alberto dos Santos, é com esforço que se avança e o Sebrae vai avaliar formas de contribuir. "Não existe milagre. As coisas só melhoram com trabalho. É só por meio dele é possível avançar. Diante das dificuldades apontadas e identificadas, vamos verificar junto ao governo federal e ao plano de trabalho do Sebrae como será a participação da Instituição no processo de apoio ao Timor-Leste", disse.

Ainda de acordo com o diretor, tendo em vista a distância que separa o Brasil do Timor-Leste, o Sebrae poderá repassar conhecimento e tecnologia por meio de ferramentas de educação a distância. Outras alternativas são a vinda de timonenses ao Brasil para conhecer métodos e depois adaptá-los à realidade local, ou a ida de técnicos brasileiros para trabalhar no País.

Apoio bilateral

A atual visita da comitiva timorense ao Brasil é resposta à primeira visita técnica feita pelo Grupo Executivo brasileiro ao Timor, no início de agosto. Visitaram o País 21 integrantes de diversos órgãos e instituições brasileiras em quatro grupos de atuação. Grupo Executivo de Cooperação Econômica, do qual o Sebrae participa; Grupo do Audiovisual, Grupo Cultural e Grupo Centro de Estudos Brasileiros.

Com uma extensa agenda de encontros e reuniões, o Grupo Executivo de Cooperação Econômica visitou diferentes Ministérios e órgãos, identificando os principais problemas e demandas dos timonenses. Entre as principais estão capacitação de mão-de-obra e recursos humanos do governo local; capacitação de mão-de-obra dos agricultores e produtores rurais; difusão e estímulo ao empreendedorismo; desenvolvimento e criação de empresas; técnicas de irrigação e cultivo de plantações; ajuda para a estruturação do Sistema Financeiro Bancário; e ajuda na elaboração de leis e acompanhamento de sua implantação.

O Grupo Executivo de Cooperação Econômica em sua agenda bilateral irá incorporar projetos específicos na área de infra-estrutura e programas voltados à inserção, sem prejuízo das atividades que já vêm sendo prestadas pelo Brasil. Hoje, são realizadas ações nas áreas de educação, com a consolidação do português como idioma oficial; Justiça, com investimentos em segurança e formação de mão-de-obra. De acordo com a assessora da Diretoria-Técnica do Sebrae Nacional, Magaly Tânia Dias de Albuquerque, a segunda missão técnica do Grupo Executivo ao Timor-Leste pode acontecer ainda este ano mês.

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