A Fretilin, um dos principais partidos em Timor-Leste, garantiu hoje que apoia qualquer investigação de pessoas que tenham cometido crimes contra o povo timorense durante a ocupação indonésia, entre 1975 e 1999.
Num comunicado divulgado hoje em Díli, o deputado e porta-voz da Fretilin, Aniceto Guterres, indicou que o partido liderado por Francisco "Lu Olo" Guterres acredita que a procura da justiça deve começar pelas investigações de crimes que possam levar a acusações, julgamentos e sentenças".
"Defendemos este pressuposto porque o respeito pelos Direitos Humanos e pela lei é uma das premissas mais importantes para a nossa democracia emergente", sublinhou Aniceto Guterres, reivindicando que a Fretilin é a "única força política que tem defendido esses valores de forma consistente".
Nesse contexto, defendeu que foi o partido que insistiu na ideia de que a legislação subjacente à criação das comissões para a Verificação, Verdade e Reconciliação (CVVR) e para a Verdade e Amizade (CVA) não contemplasse amnistias ou imunidades para pessoas que tivessem cometido "crimes graves" entre 1975 e 1999.
"A concessão da amnistia não deveria ser uma pré-condição para cooperar com as investigações. A amnistia é apenas uma ferramenta para ser utilizada em determinadas circunstâncias", sublinhou Aniceto Guterres.
Para o porta-voz da Fretilin, partido que se apresenta às eleições legislativas de 30 deste mês, tanto a CVVR como a CVA constituem "apenas o começo da procura da justiça".
"A Fretilin dará grande prioridade ao andamento das recomendações dos relatórios finais, através de debates urgentes no Parlamento", afirmou.
"A obtenção de justiça é essencial para o país, sobretudo porque até os crimes perpetrados em 1999 (na altura do referendo de autodeterminação) ainda não foram resolvidos satisfatoriamente", sustentou.
O deputado e porta-voz da Fretilin denunciou que algumas pessoas, que não nomeou, envolvidas na milícia pró-independência ocupam agora altos cargos em vários partidos políticos ou são candidatos a deputados nas legislativas, "o que indicia que poderão ser eleitos para o parlamento".
Sobre as relações com a Indonésia, antiga força ocupante, Aniceto Guterres defende ser "importante" promover "a amizade com os vizinhos" de Timor-Leste, sublinhando ter sido essa a ideia sempre presente no governo da Fretilin (2002/06).
"No entanto, tal não impedirá que se possa fazer justiça, pois não afectará o processo de reconciliação entre os dois países (Timor-leste e Indonésia)", acrescentou.
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1 comment:
Tal como a construção de uma casa deve começar pelos alicerces também "a procura da justiça deve começar pelas investigações de crimes que possam levar a acusações, julgamentos e sentenças".
Faz muito bem a Fretilin em tomar esta posição que é uma obrigação em memória de todos os que morreram e sofreram pela sua pátria.
Com os abraços e idas ao cinema de mãos dadas com os generais das TNI o Xanana Gusmão só ajudou a ATRASAR o apuramento das responsabilidades.
Para que se faça justiça é necessário reforçar a votação na Fretilin.
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