A viúva de um dos cinco jornalistas estrangeiros mortos em 1975, em Timor-Leste, apelou hoje perante um tribunal de Jacarta, na Indonésia, para que os militares indonésios reconheçam a responsabilidade na morte do marido.
Trinta e cinco anos após o assassínio, Shirley Shackleton, uma australiana de 78 anos, disse estar convencida de que o seu marido foi morto depois de se render calmamente, com os seus colegas, aos soldados indonésios.
«As suas mãos estavam levantadas, eles estavam desarmados e usavam roupas civis. Os autores desta atrocidade eram membros do Exército indonésio», disse Shirley Shackleton, com base nas conclusões de uma investigação australiana.
Os jornalistas, dois britânicos, dois australianos e um neozelandês - foram mortos na cidade fronteiriça de Balibo, a 16 de outubro de 1975, dois meses antes da invasão da Indonésia em Timor-Leste e pouco tempo depois dos timorenses terem deixado de ser uma colónia portuguesa.
Jacarta sempre alegou que os jornalistas tinham sido apanhados no fogo cruzado entre soldados e guerrilheiros.
A controvérsia reacendeu em 2009, com a abertura por parte da polícia australiana de uma investigação de crimes de guerra, depois da decisão de Jacarta em censurar a exibição do filme intitulado «Balibo», que foi um grande sucesso na Austrália.
Em Jacarta, Shirley Shackleton testemunhou em tribunal em apoio a várias organizações, como a Aliança Indonésia de Jornalistas Independentes (AJI), que exigem o levantamento da censura ao filme.
De 1975 a 1999, a ocupação indonésia provocou a morte de um terço da população de Timor-Leste, segundo um relatório de ONG independentes, e a ex-colónia portuguesa só obteve a sua independência em 2002.
Diário Digital/Lusa
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