Sunday 20 January 2008

Jesuítas elegem padre espanhol para novo superior-geral da ordem


Bento XVI recebe a 21 de Fevereiro o novo superior da Companhia de Jesus
A 35.ª Congregação Geral da Companhia de Jesus elegeu ontem, em Roma, o espanhol Adolfo Nicolás como novo superior-geral em substituição do padre Hans-Peter Kolvenbach. O padre espanhol, de 71 anos, torna-se o 29.º dirigente da ordem desde a sua fundação, em 1540, por Santo Inácio de Loyola.

Adolfo Nicolás obteve 109 dos 217 votos possíveis ao segundo escrutínio ontem realizado na cúria geral da ordem, no Borgo Santo Spirito, junto à Praça de São Pedro, onde decorre a congregação. O padre Nicolás presidia até agora à região da Ásia Oriental e Oceânia, que engloba Timor-Leste, onde coordenou a acção da Companhia devido às suas funções de responsável regional.

O seu primeiro acto público será a celebração hoje ao início da tarde de uma missa na igreja onde se encontra sepultado o fundador da ordem. Na ocasião, irá proferir uma intervenção referindo o que defende como prioridades da Companhia.

O novo superior-geral e restantes participantes da 35.ª Congregação serão recebidos pelo Papa Bento XVI a 21 de Fevereiro. A data da audiência deixa prever mais três a quatro semanas de trabalhos da reunião magna dos jesuítas. Em geral, estas reuniões são conhecidas pela sua longa duração, tendo a anterior durado mais de dois meses.

A actual congregação foi convocada após o padre Kolvenbach ter anunciado a intenção de resignar aos 80 anos, invocando razões de saúde. Este foi autorizado a fazê-lo por Bento XVI, mas permanece em vigor a regra que estabelece o carácter vitalício e a irrenunciabilidade ao cargo, após a escolha da congregação. Esta faz-se por votação secreta. O Papa é o primeiro a ser informado do nome do superior-geral escolhido.

A 35.ª Congregação, eleito o superior-geral, irá agora abordar a definição da missão e as prioridades da sua acção para os próximos tempos. Na véspera da eleição do novo dirigente da ordem, o Papa dirigiu, através do padre Kolvenbach, uma carta aos participantes na congregação, sublinhando a importância da acção da Companhia na missão "de transmitir de forma integral aos nossos contemporâneos, distraídos por inúmeras vozes discordantes, a mensagem única" do Evangelho.

A ordem é definida como o braço apostólico do Papa, sendo considerada um dos principais centros de elaboração doutrinária na esfera do catolicismo. Actualmente, desempenha ainda papel de relevo no diálogo com o islão.

A Companhia de Jesus é hoje a principal ordem masculina da Igreja Católica. O último recenseamento referia a existência de 19 216 elementos, dos quais 13 491 padres, 3049 estudantes, 1810 irmãos e 866 noviços, segundo números ontem divulgados por agências noticiosas católicas.

A província portuguesa, que engloba Angola e Moçambique, conta com 250 jesuítas, dos quais 170 a residirem em Portugal, indicou ontem à Lusa o padre Gonçalves Ferreira, do Centro Universitário Padre António Vieira, uma das instituições da Companhia no país.

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